Diário de uma quarentena - Parte 8 - Ribeirão Preto - SP
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Olá olá... adivinhem quem teve crise de ansiedade? Pois é... eu. Sabe por quê? Porque chegaram compras do mercado. E eu lavei todas elas. Vocês já haviam se imaginando lavando saco de aveia? Lavando casca de banana? Desmembrei as bananas todas. Lavei uma por uma... lavei embalagem de óleo. Lavei o café... lavei. Tudo. A louça ficou ali, suja. Deu lugar as compras, e a mim, nervosa. Clarice querendo pegar as coisas, e eu tentando lavar as coisas... e em um caos interno, pensando: gente, isso é de verdade né?
Quando ficamos os dias em casa, cumprindo com as recomendações da maneira que deve ser, entramos em uma bolha. E eu passo aqui, dentro dessa bolha virtual e do portão para dentro. E algumas coisas, como as compras, nos jogam de volta para uma realidade surreal, de maneira abrupta. Eu me senti assim. Você sente assim também?
Registrei claro, as frutas, lavadas.
Mas passado esse momento louco, seguimos aqui com a rotina diurna, eu e Clarice, e noturna com papai junto. Fiz várias modificações. Clarice voltou até a usar roupas, hahaha. Mesmo que seja um coloca e tira roupa sem fim. Ganhei também um registro do homeoffice, como organizar ela comigo, foi importante para mim me ver assim com ela.
Tivemos momentos ótimos final de semana, mas que me ative a registrar o que a quarentena faz com a criança:
sábado a noite, fomos assar uma carne... Clarice começa a montar várias cadeiras...
- que estás fazendo filha?
-quero um churrasco com mais gente mamãe, vou colocar os brinquedos aqui para fingir que são pessoas.
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Pois é... não dá pra subestimar o quanto uma pandemia afeta a todos seres humanos, mesmo os seres humanos novinhos... que já entendem o quão é estranho o afastamento social.
Fiquem agora com as frutas, as tatuagens, os cochilos, as bagunças (reperem que agora além da máscara ela também fez um amigo de papelão) , a festa cheia (de pessoas imaginárias) e o meu universo em uma foto.