Relato de Parto - Parto Normal - Ribeirão Preto - SP - Parto Clara por Mari
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Relato de parto normal hospitalar humanizado - relato de parto feito por Mari, mãe da Clara e do Miguel. Hospital São Paulo
"O parto normal era um sonho que, no fundo, eu achava que não conseguiria realizar. Na minha família, há gerações de mulheres que "não conseguiram" ter um parto normal. Minha avó materna, minha mãe e eu - que no parto do meu primogênito, Miguel, fui para uma cesária indicada só porque estava chegando perto demais das 41 semanas.
Na minha segunda gestação, eu me preparei de todas as formas que consegui. Me informei melhor, fiquei ativa a gestação toda, procurei uma nova médica, me cerquei de mulheres e profissionais fortes, que acreditavam que eu conseguiria. Mas as semanas foram passando, 38, 39, 40, 41... Eu fazia pilates, acupuntura, caminhada e nada. É a tal da vida falando que não temos controle de nada.
Cada dia que passava, os meus medos falavam mais alto. "Você não vai conseguir, é de família, não é para você". Mas a cada consulta, a dra. Maria Angela me acalmava, a cada mensagem de whatsapp, a Nath (minha enfermeira obstétrica) me tranquilizava.
encontro em casa antes de ir para o hospital começar a indução de parto
Carlinhos e Mari arrumando as malas para ir começar a indução
Até que, numa quinta-feira à tarde, dois dias antes de completar 42 semanas, eu tomei o tal shake de óleo de rícino. Estava preparada para sentir a maior dor de barriga da minha vida... e nada. Mas na madrugada daquele dia, as contrações vieram. E vieram fortes e próximas. Pensei: é hoje.
Mandei mensagem para a Nath e comecei a monitorar num app. O ritmo estava estranho, mas elas eram fortes o suficiente para eu não conseguir dormir. Fiquei sozinha na sala, enquanto o marido dormia com o Miguel no nosso quarto. Cheguei a entrar no chuveiro por causa da dor, tinha certeza que estava em trabalho de parto, mas de repente... dormi. Acordei com a Nath me ligando, perguntando como estava o ritmo e eu contei que as contrações diminuíram e eu caí no sono.
A esperança diminuiu mais um pouco. Às 6h da manhã fui para o meu quarto, meu filho estava dormindo na minha cama e eu me deitei ao lado dele. Na hora, senti algo estranho e levantei rápido: minha bolsa tinha estourado. Era isso. O sinal que eu tanto esperava. Desde a gestação do Miguel que eu queria qualquer sinal que ele estava pronto para nascer e acabei não tendo.
Agora foi a minha segunda chance. Eu tinha meu sinal. A Clara estava pronta. A Nath veio em casa no meio da manhã, viu que meu colo do útero estava muito fino, mas eu ainda não tinha dilatado. O plano era esperar até o fim do dia. Se as contrações não engrenassem, eu faria a indução.
Passei o dia todo tranquila, só eu e o marido, meu filho ficou com os meus pais. Passeamos, comemos, assistimos TV, terminamos de arrumar a mala. Nada de contração. Às 18h, fomos para o hospital. Por volta das 19h30 começamos a indução. Por algum milagre, eu estava muito calma. No quarto, apenas eu, Carlinhos, a Nath e a Karol. Luz baixa, minha playlist tocando.
As contrações não demoraram para começar. No início, muito suportáveis, mas a intensidade foi aumentando rápido. Saí da cama, fui para a bola de pilates. Da bola, fui para o chuveiro. Pedia para ir para a banheira, mas ainda não estava cheia. A dor começou a aumentar rápido, parecia que me puxava para baixo, para fora de mim. Tudo passou como um borrão, rápido e lento ao mesmo tempo.
Finalmente, fui para a banheira com a esperança de aliviar um pouco a dor, mas naquela altura estava ficando insuportável. Pedi analgesia, a Nath fez o toque, eu estava com 5cm de dilatação. Ela disse que o ideal seria esperar mais um pouco, eu falei que não aguentava mais. Então, ela chamou a dra. Maria Angela.
Quando saí da banheira, a vontade de fazer força veio com tudo. Não conseguia segurar. Mas fiz a analgesia (santo Stuart!). E logo que acabou, a Nath fez um novo exame e me disse: qual é a melhor notícia que você poderia ter? Sim, eu estava com dilatação total.
De repente, o mundo entrou em foco e tudo ficou calmo. A Clara estava chegando. Eu ia conseguir, afinal. Era para mim. Testei algumas posições para fazer força, a melhor foi na banqueta. Olhei para o quarto, estava rodeada de mulheres e achei aquilo tão bonito: a dra. Maria Angela e a Nath sentadas no chão, a Karol registrando tudo, a pediatra chegando e se preparando para pegar um pedaço meu que sairia a qualquer momento.
No dia 27/08/23, às 00:37, Clara veio ao mundo, com seus 3,400kg e 51cm. Saiu calma, sem chorar, veio direto para os meus braços, de olhos abertos. Com exatas 42 semanas, minha bebê nasceu observadora, absorvendo todo o ambiente ao seu redor. Ela me olhou, olhou o pai. Ficou o tempo todo no meu colo, aconchegada. Seu tempo foi respeitado, assim como o meu. Foi perfeito.
Naquela noite, quebrei conceitos formados há muito tempo na minha cabeça, que diziam que eu não seria capaz. Quebrei um ciclo de gerações de mulheres da minha família. Eu me curei e acredito que, ao mesmo tempo, curei uma parte delas.
E isso só foi possível por causa das mulheres incríveis que me acompanharam. Karol, você foi uma das primeiras que acreditou que eu conseguiria. Nath, você foi a força e a praticidade que eu precisava para aguentar 42 semanas. Dra. Maria Angela, sua tranquilidade é contagiante, em nenhum momento você pareceu duvidar, e isso fez toda a diferença.
Vou carregar vocês no meu coração e, um dia, contarei para a Clara como ela veio ao mundo rodeada de mulheres fortes. Obrigada, obrigada, obrigada.
Equipe de parto normal em Ribeirão Preto
GO: Maria Angela Cury
EO: Nathália Villela
Pediatra: Cássia Bonacasata
Hospital São Paulo
Assista o filme do parto da Clara clicando aqui!